O Ciclo do Serial Killer




Muitos questionamentos e muita curiosidade existem em relação aos homicidas em série, mas uma muito comum é: O que acontece para que ele comece a matar?

Há mais de 250 anos, se discute quais são as origens, o que faz uma pessoa assassinar outras, muitas vezes com requintes de crueldade. Hoje, sabe-se que não existe apenas uma resposta definitiva, e sim, uma combinação entre pré-disposição genética, meio social e formação da estrutura psíquica. Mas, ao contrário do que muitos pensam, o homicida em série não sai matando de repente.

De acordo com o psicólogo Joel Norris, em seu livro Serial Killes: The Growing Menace (Homicidas em Série: O Perigo Crescente, em tradução livre) (1988), aparentemente os homicídios em série acontecem de forma cíclica. Esta seria, inclusive, outra diferença importante entre os homicidas em série e os homicidas em massa, pois os últimos cometem seus crimes de forma linear, matando as vítimas até não haver mais de seu alvo em um único local.

Como funciona o ciclo?

Segundo sua pesquisa com vários homicidas em série, Joel Norris notou que os crimes acontecem em fases:

Fase 1 – The Aura Phase (Fase Áurea):

Ela antecede o primeiro crime. O assassino começa a perder o contato com a realidade e suas fantasias se definem. Ele pode escrever sobre elas, ou até interpretá-las, mas ela não cessa. Pelo contrário, apenas se intensificam. O desejo que o assassino quer satisfazer pode ser sexualmente estimulante, ou não – isso depende de sua personalidade. Conforme as fantasias aumentam e se tornam desejos violentos, o criminoso fica cada vez mais antissocial, podendo recorrer ao álcool e/ou outras drogas. Porém, sempre chega ao ponto de ter que realizar essa fantasia. É aí que vem a segunda fase;

Fase 2 - The Trolling Phase (Fase da Pesca):



O assassino passa a procurar pela vítima que se encaixa à sua fantasia. Nesta fase, eles vão a determinados lugares onde podem ter acesso aos seus alvos, sendo perto ou não de onde moram (depende da personalidade e dos meios que eles têm para se locomover). Também procuram por um local onde possam manter a vítima por um tempo antes de matá-la;



Fase 3 - The Wooing Phase (Fase galanteadora):

O assassino define sua vítima e pensa em meios de atraí-la;

Fase 4 - The Capture Phase (Fase da captura):

É nesta fase que o assassino mostra quem realmente é, e a vítima cai em sua armadilha. Ele pode prendê-la ou deixá-la inconsciente, dependendo de sua fantasia e dos meios que dispõe. É aqui que ele se encontra próximo ao clímax, pois sente-se no comando total da situação;

Fase 5 - The Murder Phase (Fase do assassinato):

Esta representa um ritual de retorno à infância do assassino, mas com papeis invertidos: É ele quem está no comando e pode fazer o que quiser com a vítima, que geralmente representa uma pessoa de quem quer se vingar. Tortura, estupro e humilhação fazem parte desta fase - ele despersonaliza a vítima e só depois a mata. Alguns gostam de ficar um tempo com o corpo, chegando à práticas de necrofilia e/ou canibalismo;

Fase 6 - The Totem Phase (Fase do Totem):

O assassino pode querer coletar algum objeto, ou alguma parte do corpo da vítima como um tipo de troféu*, pois isso o faz continuar a ter a sensação de poder e controle que ele teve durante o cometimento do crime e/ou para lembrar da gratificação sexual que teve;

Fase 7 - The Depression Phase (Fase da Depressão):

Após o crime, a excitação acaba e o assassino volta à realidade. Geralmente, se decepciona, pois é como se tivesse outras expectativas para o ato que não foram alcançadas – como se o crime não tivesse ficado á altura do que esperava. Por isso, alguns fazem anotações ou gravam os crimes sendo cometidos, para aprimoramento próprio. Neste momento, vem a depressão. Esta pode ser uma das explicações para voltarem a matar, pois querem sentir novamente a excitação que sentiam.

Essas fases sempre acontecem?

Até onde se sabe, essas fases são, sim muito comuns entre os homicidas em série. Mas, como tudo na vida, não podemos dizer com certeza se todos funcionam desta forma. Cada indivíduo é único, e pode ser que haja alguns que não tenham vivido uma ou mais dessas fases.

Outro fato a ser levado em consideração é que não existem muitas pesquisas sobre esse fenômeno no Brasil, e por isso fica difícil em nosso país termos esse tipo de análise. Mas, para todos os efeitos, o trabalho de Joel Norris é um dos mais completos e confiáveis até hoje, ao menos na sociedade norte americana.


*Deve-se ter cuidado ao inferir que o assassino coletou o objeto como um troféu. Em algumas situações pode ser apenas para dificultar a identificação da vítima.

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