Castração Química


Há algum tempo se ouve falar da tal castração química. Mas o que exatamente é isso?
A castração química é um método que oferece uma forma temporária de privar o indivíduo de impulsos sexuais com uso de medicamentos hormonais. Para isso, há dois tipos de drogas: Um que inibe a produção de testosterona e outro que estimula altos níveis da produção hormonal, fazendo com que o corpo “acredite” que há uma produção excessiva de testosterona e iniba a produção natural.
Parece uma ótima solução para casos de estupradores que estão retornando à sociedade, pois assim, teoricamente, não reincidirão seus atos... Ou reincidirão?

Excitação Sexual

A excitação sexual é “um estado emocional e motivacional que nasce da interação entre resposta genital, excitação central, processamento de informação de estímulo e comportamentos sexuais” (Jong, 2009, p 237). Existem três tipos de excitação sexual: A subjetiva, a genital e ambas. A excitação subjetiva tem um aspecto emocional, e vem da expectativa diante da atividade sexual. Já a genital, é puramente orgânica e diz respeito ao que acontece no corpo humano diante da excitação sexual - nas mulheres a lubrificação e nos homens a ereção. A excitação genital pode vir a partir da subjetiva (ambas), mas isso não é uma regra, ou seja, ela não necessita da subjetiva para acontecer. As duas podem ocorrer separadamente e por diferentes razões.
No caso da castração química, o que é inibido é a excitação genital. Porém, a subjetiva continua em ação.

No que isso interfere no caso dos agressores sexuais?

Antes de mais nada, existem diferentes tipos de agressores sexuais e cada um com diferentes tipos de fantasias e desejos. Mas possuem uma coisa em comum: A excitação sexual não vem a partir da ideia de simplesmente fazer sexo. De acordo com Groth (1980), o estupro é “o comportamento sexual a serviço de necessidades não sexuais”. Para ele, o ato de estuprar seria a manifestação de raiva já enraizada e, portanto, é um ato psuedo-sexual associado ao controle, à dominação, ao status e à hostilidade - levando a um comportamento sádico. Logo, o sexo é usado para conseguir essas necessidades psicológicas (Groth & Birnbaum, 1979; Horrocks, 2010). Acontece que essa não foi a única pesquisa que chegou a esta conclusão.
Pensando nisso, qual seria a utilidade da castração química se ela apenas interfere na excitação genital? Fato, os homens podem não conseguir usar o pênis para violentar suas vítimas, mas isso não os impede de colocar para fora a raiva e o desejo de dominação. O agressor pode, inclusive, encontrar outros meios de penetrar sua vítima (canos de ferro, cabos de vassoura etc), pois suas atitudes não têm relação com o sexo.

Como usar a castração química em agressores sexuais?

Como outras drogas, a castração química tem um efeito paliativo. Pode ajudar, sim, em casos de agressores sexuais, mas ela por si só não muda ninguém. O que quer dizer que, havendo um tratamento por trás para essa população, pode ser um grande aliado. Caso contrário,apenas poderá agravar o problema, não melhorá-lo.

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